O momento que estamos vivendo é de saída de um prolongado e sofrido período de pandemia. Comecei a recordar naqueles meses iniciais uma fala que ficou consagrada: sairemos melhores e mais fortalecidos disso. Já naquela época comecei a questionar que era uma ilusão. Não deu outra. Os motoristas continuam mal educados no trânsito, as pessoas continuam brigando por qualquer asneira nas redes sociais, o egoísmo e ganância de muitos seguem iguais, ou ainda piores.
O que eu constatei nisso tudo é que a pandemia serviu, sim, para acentuar características de personalidade de cada um. Curiosamente, é o mesmo que a própria doença faz. Quem tinha um sintoma de depressão, na pandemia teve isso acentuado. Quem tinha um problema cardíaco, foi agravado com a COVID, e assim por diante. Então, quem era bom, tornou-se uma pessoa ainda melhor. Quem era ruim, conseguiu piorar.
Pegamos o exemplo dos políticos. Houve aqueles que superfaturaram compras de equipamentos de ventilação para os hospitais, houve muitos que furaram a fila da vacina e até uns que roubaram lotes para tentar revender a preços módicos na internet. O mais triste é que, na minha experiência de jornalista, eu sempre conseguia antecipar as coisas erradas que aconteceriam. Ou alguém duvidava que teria pilantra não apertando a seringa, outros colocando água no lugar do imunizante, outro vendendo uma pílula de farinha e prometendo ter a cura da COVID e assim por diante?
Por outro lado, quem já era uma pessoa humana e solidária, soube se doar ainda mais. Teve gente que fez muito por quem estava precisando. Vi notícias muito legais de grandes empresas que já adotavam uma política social exemplar doarem recursos financeiros e equipamentos para colocar em funcionamento não uma unidade, mas um pavilhão inteiro, como foi feito no Hospital Independência, por exemplo. Outros, como a AMRIGS que cedeu o espaço de seu estacionamento para montagem de um centro de atendimento da Unimed. Também muitos médicos de especialidades menos atingidas diretamente pela COVID, como os geneticistas de um cliente da PlayPress, a Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica. Além de orientarem os pacientes e a população, prestaram suporte voluntário numa das áreas que foi mais difíceis que era o contato com familiares impedidos de terem acesso aos seus familiares por conta do isolamento.
Me orgulho de ter doado sangue, comida, dinheiro, roupas, calçados, brinquedos e o meu trabalho de forma voluntária. Minha esposa, Juliana, doou até cabelo. O que estava ao nosso alcance, fizemos. Então eu fico tranquilo e seguro que estamos saindo melhor dessa.
Marcelo Roxo Matusiak
Jornalista e bacharel em Administração de Empresas
Diretor da PlayPress Assessoria e Conteúdo