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Audiência pública reúne comunidade e entidades para discutir impactos de novos pedágios na região do Vale do Sinos

Encontro realizado na Feevale, em Novo Hamburgo, teve fortes críticas a instalação de pedágios, posição compartilhada pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Sapiranga

A audiência pública realizada nesta terça-feira (25/11), à tarde, no Salão de Atos da Universidade Feevale, reuniu moradores, deputados estaduais, prefeitos, vereadores e representantes de entidades regionais com o objetivo de debater a proposta de instalação de novos pedágios na região. O encontro buscou esclarecer dúvidas, apresentar cenários de impacto econômico e social e ouvir manifestações da comunidade. 
 
Ao longo da audiência, ganhou destaque a posição firme dos prefeitos que integram a Associação dos Municípios do Vale Germânico (AMVAG), contrários ao plano de concessão de rodovias do Bloco 1 apresentado pelo Governo do Estado, além de deputados estaduais que manifestaram contrariedade ao modelo proposto. O projeto prevê a instalação de pedágios no modelo free flow, especialmente na ERS-239 e na ERS-115, o que, segundo as lideranças, trará impacto financeiro significativo à população e falta de competitividade às cidades da região.
 
Entre as críticas apontadas estão a ausência de diálogo prévio com as prefeituras, a previsão de múltiplos pórticos de cobrança — podendo chegar a seis para quem segue até Gramado — e as obras não entregues pela EGR, como passarelas e retornos prometidos na ERS-239. As manifestações foram oficialmente recebidas pelos representantes do governo do estado: o secretário de Estado da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi, e o secretário da Comunicação, Caio Tomazeli.
 
O presidente da CDL Sapiranga, Ademir Gerson Deitos, manifestou forte preocupação com o impacto econômico que o modelo proposto pelo Governo do Estado pode gerar sobre o comércio, os serviços e a população da região. Segundo ele, a instalação de novas praças de pedágio tende a retirar recursos que hoje circulam dentro do próprio município.
 
“Toda essa estrutura de pedágios tira do consumidor um dinheiro que ele aplicaria no comércio local. Esse valor acaba sendo desviado para pagar tarifas que, muitas vezes, vão para empresas de fora, cujo lucro nem permanece aqui”, afirmou.
 
Ademir destacou ainda o peso desse custo na vida prática dos trabalhadores.
 
“Um morador de Taquara que precise ir e voltar diariamente até Novo Hamburgo terá um gasto aproximado de R$ 600 por mês. Estamos falando de algo muito próximo a um terço de um salário mínimo apenas em pedágio”, explicou.
 
O dirigente lembrou que a região já enfrenta o impacto da atual praça da EGR na ERS-239 e alertou que a criação de cinco novas praças ao longo do trajeto tornaria inviável o deslocamento de grande parte da população.
 
“Somos totalmente contrários a esse modelo. A ERS 239 já tem um pedágio que muitos consideram elevado, e acrescentar outras cinco praças inviabiliza o deslocamento de quem trabalha, estuda ou depende diariamente da rodovia”, destacou.
 
Estiveram presentes no encontro além do presidente da CDL Sapiranga, Ademir Gerson Deitos, o vice-presidente, André Blume; e o diretor de Sustentabilidade, Assuntos Sociais e Meio Ambiente, Sérgio Strassburger,
 
Deputados apontam erros e pedem suspensão do Programa de Parcerias e Concessões do Bloco 1. 
 
O primeiro a se pronunciar foi o prefeito de Novo Hamburgo, Gustavo Finck, que destacou a importância do debate e afirmou que o município necessita de acessos adequados na RS-010 para garantir desenvolvimento e mobilidade.  As manifestações posteriores, durante a audiência pública sobre os pedágios, revelaram forte preocupação regional com os impactos sociais e econômicos do projeto. 
 
O Reitor da Universidade Feevale, José Paulo da Rosa, fez uma análise técnica sobre os efeitos das concessões na economia. Segundo ele, um ambiente de negócios saudável depende de três pilares: pessoas para produzir e consumir, capacidade de investimento — prejudicada pelo aumento de taxas e impostos — e produtividade gerada por educação e tecnologia. “Temos grandes centros qualificados na região, mas a educação básica no estado já enfrenta dificuldades, e com pedágios, vir estudar em Novo Hamburgo ficará ainda mais caro para estudantes de Sapiranga e cidades vizinhas”, afirmou.
 
O deputado estadual Delegado Zucco também criticou a proposta. “Já pagamos impostos demais. Temos IPVA e uma das cargas tributárias mais altas do mundo. Não há por que privatizarmos e concedermos nossas estradas por trinta anos”, destacou.
 
O deputado Issur Koch lamentou que a região precise discutir “uma pauta tão indigesta”, reforçando que não se trata de rejeitar qualquer pedágio, mas de evitar um custo que considera “ainda mais pesado” para a população e para o setor produtivo.
 
Para o deputado Miguel Rossetto, há alternativas ao projeto, especialmente por meio de investimentos públicos em infraestrutura. Ele ressaltou que a Assembleia Legislativa tem poder para suspender o programa de concessões caso não concorde com ele, e defendeu a extensão da BR-448 até Portão como uma solução sem pedágio que já cumpre papel estratégico.
 
O deputado Joel Wilhelm também se posicionou contra o modelo proposto, afirmando que o projeto possui falhas estruturais. Ele citou que pontos críticos da RS-239 — como os viadutos da Bento Gonçalves, em Campo Bom, e os trevos de Araricá e Nova Hartz — sequer foram contemplados. “Sem esses viadutos, não faz sentido avançar com a proposta”, disse.
 
O deputado Capitão Martim também manifestou contrariedade, salientando erros nos cálculos apresentados. Após, a deputada Stela Farias também se posicionou de maneira  firme contra o modelo. Segundo ela, “todos nós pagaremos essa conta. Acompanhamos essa discussão há muito tempo e levamos quase trinta anos para eliminar esse formato do estado. Os tais investimentos nunca chegaram”, afirmou.
 
Por fim, o deputado Felipe Camozatto reforçou sua preocupação com as prioridades do governo. Segundo ele, a crítica é à prioridade do Estado. “Não desmerecendo o trabalho técnico, mas a própria natureza da Secretaria de Reconstrução passou a ser não reconstruir, mas apresentar modelagens de concessões. Sou favorável a concessões, mas não a maus negócios, e esse Bloco 1 é um péssimo negócio”, declarou.
 
O que prevê o Programa do Governo do Estado
 
A proposta do Bloco 1 prevê a concessão de rodovias da região por 30 anos, incluindo instalação de pedágios, execução de obras de ampliação da capacidade viária e serviços de manutenção permanente. O projeto contempla intervenções como duplicações, terceiras faixas, melhorias de segurança e implantação de estruturas operacionais — tudo financiado por tarifas cobradas dos usuários. A modelagem atual também prevê tarifas diferenciadas por horário e sistema de cobrança automático, ponto que tem gerado preocupação entre municípios, entidades e usuários devido ao impacto direto sobre o custo de deslocamento e sobre a competitividade regional.
 
Redação: Marcelo Matusiak
 

 

Sobre a CDL Sapiranga

Fundada em 23 de maio de 1972, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Sapiranga (CDL) é uma entidade civil e sem fins lucrativos. Objetiva promover a união entre a classe lojista da cidade, proporcionando maior segurança no momento da concessão de crédito. A CDL Sapiranga busca solidificar-se cada vez mais no âmbito comercial do município, apoiando também o crescimento contínuo de pontos comerciais na cidade e a qualificação dos profissionais que trabalham nesta área. A entidade oferece uma ampla variedade de serviços aos seus associados, englobando ainda cursos e eventos direcionados às necessidades do comércio em geral. A CDL Sapiranga está vinculada à Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

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